sábado, 17 de maio de 2014



PERDÃO

Meu Deus eu sou tão pequenina.
Perdoa, Pai, porque sou tão pequena.
Queria ter tanto para dar.
Queria ter uma fé imensa em Ti e tem horas que questiono tanto.
Ó Deus, eu te peço força e fé.
E sabedoria para discernir as coisas.
Dê-me sabedoria, ó Senhor.
Dê-me paciência, compreensão.
Dê-me uma alma mais mansa ainda do que esta que tenho.
Dê-me mais amor pela humanidade. 
Sou um grão de areia neste imenso mundo. Tão pequena para entender tanta grandeza.
Minha luz ainda é tão fraquinha perto da Tua Claridade.

Mas eu estou evoluindo. Estou sim. De verdade.

sonia delsin


Um castelo de areia

Eu o construí num amanhecer.
Estava necessitada de um abrigo e vi à minha frente material suficiente para construir um imenso castelo de sonhos.
À medida que o construía o material se multiplicava e eu o ampliava, ampliava.
Tantas vezes o via resplandecente e me encantava com seus vitrais lilases.
Sempre fui apaixonada pela cor lilás e com criatividade a usava e até abusava.
Meu castelo era frágil e vulnerável apesar de sua imponente aparência.
Meu ser se recusava a aceitar que um vento um pouco mais forte o poria abaixo.
Idealizei cortinas brancas rendadas para esvoaçarem com a brisa leve da tarde.
Idealizei tapetes vermelhos para que o meu rei caminhasse até o trono que com tanto cuidado projetei.
O entardecer o fazia lindo e o anoitecer o entristecia.
Novo dia! Alegria! Como os raios dourados ele resplandecia. Quanta fantasia!
A brisa que levantava as delicadas cortinas certa vez chegou mais inflada.
O vento forte soprou. Adeus cortinas, janelas. Sacadas.
Nada em pé ficou.
Estava no chão meu tão belo castelo.
Eu sentada, de olhos abertos o buscava enxergar e buscava alcançar o que se tornava fumaça no ar.
Dizia a mim mesma que nada nesta vida começa sem uma base bem sólida.
Castelos assentados sobre areias sempre estarão propensos a desmoronar.
E sempre alguém vai se machucar em meio aos escombros que se espalham no ar. Mesmo que eles só existam dentro de um mero imaginar.
Ai do sonhador!

Ai do seu sonhar!

sonia delsin


NO JARDIM DA VIDA... OITENTA PRIMAVERAS

No jardim da vida...
Vou contar aqui de uma pessoa muito, muito querida.
Minha mãe.
Vou falar de uma senhorinha que vive há de mais de quarenta anos numa bela casa, toda rodeada de jardins.
Uma mulher que tem estrelas no olhar, mãos de fada, sorriso doce e um coração que é pura bondade e ternura.
É uma pequenina gigante, de uma fortaleza que nos assombra.
Lina não é de muito falar, pelo contrário, mede palavras, mas quando as usa sabe se colocar e orientar.
Com sua fé e coragem superou todas as dificuldades do dia-a-dia e nos criou com tanto amor que eu nem tenho palavras para me expressar.
Hoje, ela completa oitenta anos e resolvi contar um pouco de sua história.
Ela nunca mediu esforços para promover o bem da família. Nunca esmoreceu diante dos obstáculos. Pelo contrário, nestas horas sempre nos mostrou sua força interior, sua fé e coragem.
E sempre demonstrou seu grande amor. Pelos pais, irmãos, esposo (já falecido há mais de dez anos), filhos, netos, bisnetos, sobrinhos e demais familiares.
Admirada e muito querida pelos amigos e vizinhos.
Cresci vendo-a trabalhar. Como ela trabalhou! E nunca foi de reclamar.
Lembro-me bem de minha infância. Morávamos numa chácara e lá o que não faltava era serviço. E ela trabalhava cantarolando.
À tardinha, depois de um exaustivo dia de trabalho, reunia os quatro filhos e nos levava para passear.
Mais tarde, quando voltávamos para casa nos preparava mingaus e contava histórias, até que adormecêssemos.
Adorada pelos filhos e netos, admirada por todos os amigos e parentes; na sua simplicidade Lina completa suas oitenta primaveras.
As incansáveis mãos se dedicam ao trabalho e às suas flores.
Na cozinha prepara deliciosos pratos e traz a casa tão cuidada que dá gosto.
Costumo dizer a todos que jamais seria quem sou não tivesse nascido filha de tão admirável mulher.


Mãe, estou aqui neste simples texto tentando expressar um pouco do grande amor que lhe tenho. Em nome de meus irmãos e em nome de seus netos quero dizer algo muito importante. É uma confissão de amor esta. Nós a temos como uma preciosidade. A senhora é o maior tesouro que Deus nos ofereceu.

sonia delsin 


Manhã de sábado

Ouço o chilrear das andorinhas. Elas voam à minha volta.
Algumas ficam nos fios a se esponjar.
A manhã está nascendo e elas estão a festejar.
O bem-te-vi não longe daqui está a gritar. Ele tem um ninho num pinheiro de uma das casas da vizinhança.
Adoro as manhãs. Amo ver o sol se levantando. É um espetáculo e tanto.
Hoje estou obrigatoriamente de repouso, senão estaria caminhando.
Deitada na rede tenho no meu campo de visão o pé de acerola e o ninho da rolinha.
Ela está lá aquecendo os seus ovinhos e fica tão quietinha!
Sob o pequeno arbusto há flores que atraem as borboletas, os colibris. De vez em quando um se aproxima.
A manhã está tão quieta.
É sábado e a maioria das pessoas ainda dorme. Descansam... repousam.
Eu me acostumei a levantar bem cedo e a cama estava me incomodando. Senti necessidade de me levantar.
Sempre preciso absorver os sons da manhã, o despertar dos pássaros para que meu dia tenha valor.
Na simplicidade, nas pequenas coisas é que encontro alegria.
Não entendo a vida sem poesia.
Tudo me contagia.
Para mim tem muito significado o nascer de cada dia.
Bom dia sábado. Bom dia sol. Bom dia pássaros...
Cada dia é um novo tempo...
Uma nova oportunidade.
Amo a vida.
De verdade.


sonia delsin


VOU TE ESQUECER

Se tu quisesses.
Tudo seria tão simples se tu quisesses.
Talvez amanhã. Talvez amanhã eu não esteja mais aqui.
Ou esteja. Mas não tão receptiva. Tão braços abertos...
Tudo pode mudar.
Temos o direito de cansar.
Se tu quisesses nossos dias seriam dourados.
Realizaríamos sonhos encantados.
De quem foram os sonhos? Meus? Meus apenas?
Na vida tive duras penas...
... mas me conservei sempre tão leve.
Como o pássaro que retorna calmamente à sua morada.
Ou o que levanta voo em busca da companheira.
Eu me entreguei inteira.
Sem reservas eu me dei.
Estou aqui a pensar.
Estive anos a te esperar.
Anos de sonhos, de ilusões.
Sou assim.
Movida a sensações, emoções.
Existem coisas que estraçalham corações.
Estraçalhaste o meu.
Por que eu iludi? Por que eu o queria aqui?
Talvez nem tenha sido apenas por isso que sofri.
Sofri porque imaginei algo tão maior.
Vi amplitude no que era tão pequeno.
Teu amor.
Me dirias...Como eu posso medir?
Que amor é esse que tanto se nega?
Que não se entrega.
Retorno ao começo. Se tu quisesses.
Mas não queres.
Fui sempre eu a querer.
Se estou sofrendo?
Aos poucos vamos esquecendo.
Vou te esquecer.


sonia delsin


“UM A UM NO PLACAR”

Tão bom ter você como meu amigo.
Tão bom ter este tempo ao seu lado.
Ontem nós brincamos na piscina. Sempre brincamos, aliás.
Toda vez que chego nadando a modalidade costa e você está presente sei que vai brincar comigo na chegada. Sei que vai fazer uma onda gigantesca com as mãos e vai me cobrir, ou vai me afundar a cabeça.
Ontem brincamos.
Eu falei que chumbo trocado não dói.
Foi a minha desforra. Você vinha nadando de costas tranquilamente e eu o afundei. Bem lá no fundo da piscina mesmo.
Meu querido amigo, a vida é tão passageira e isto que temos todas as tardes é um privilegio. Costumamos nos encontrar pra nadar, pra conversar. Pra brincar.
Engraçado é que formamos um grupo tão animado e levamos tão a sério a nossa natação.
Ali ninguém quer ser campeão de nada. Só quer cumprir uma meta traçada.
Fazemos os nossos mil metros e depois brincamos muito.
Um dia tão distante eu sonhei aprender a nadar. Aprendi e conquistei muito mais que esta aprendizagem. Conheci pessoas muito especiais no clube. Pessoas que têm preenchido minhas tardes. Pessoas que aos poucos se tornaram grandes amigas.
Um dia talvez a vida se modifique e nos afastemos todos. Quem é que sabe? Mas guardaremos estas tardes gostosas onde o que vale mais que tudo é a amizade que nos une.
Falamos de tanta coisa. De comida, música, trocamos idéias mais variadas.
Só não falamos de tristezas. E não é bom?
Meu amigo, meu irmão. A vida aproxima quem tem amor no coração.
Um grande beijo, meu amigo. Que Deus o abençoe sempre.


sonia delsin


QUE VENHAM DIAS MELHORES PRA VOCÊ

Que venham dias novos pra você. Na vida, ganhamos garrafas e garrafas de tinta muito colorida.
Está em nossas mãos colorir nosso mundo.
Está disposto a ter um mundo em preto e branco? Ou o quer inteirinho colorido?
O que eu falo tem sentido.
Ouça, meu amigo.
Meu amado amigo. Eu já chorei. Já sofri. Minha vida foi de amargar. Acontece que o sofrer nunca conseguiu me amargurar. Eu sempre tive forças pra levantar. Depois de cada tombo parece que mais fortalecida eu posso ficar.
Eu sei que também é muito corajoso. Muito valente e que está tentando ser feliz novamente.
Meu querido. Quero que faça algo importante. Que procure colocar sobre o seu passado uma grande pedra, que deste modo ele nunca mais vai lhe machucar.
Não é difícil o passado apagar e precisamos deixá-lo enterrado para felicidade de novo encontrar.
Lógico que o passado tenta de novo interferir na vida da gente. Lógico, ainda mais quando o que ficou pra trás ainda é recente.
Mas ouça, a vida é o que fizermos dela.
Eu procurei construir em cima dos escombros uma nova fórmula de viver.
Algumas pessoas entregam os pontos, caem na depressão, choram tanto que a vida vira uma amolação.
Outros se revoltam, xingam. Tentam pisotear tudo que tenta se aproximar.
São formas de se expressar. É natural que muitos tentem se vingar. Queiram se proteger, se isolar.
Eu sei que está tentando dar a volta por cima e o faz com coragem. Só estou tentando lhe trazer ainda mais forças nesta sua viagem.
Porque as etapas da vida são viagens que fazemos dentro de nosso ser.
Tudo é pra nos fazer crescer.
Quero ver o seu mundo transformado e que um dia me olhe nos olhos e diga: do passado já estou curado. Tudo passou. Foi um sonho mau que acabou.
Estou torcendo por você. Sempre estive. Estou aqui. Sou amiga. Pode se deitar no meu ombro, buscar minha mão. Sou destas pessoas que só entendem a vida quando entregam o coração.
Eu já o amo, meu amigo, eu já o considero meu irmão.

Porque abaixo deste céu de meu Deus somos todos irmãos e devemos nos dar as mãos.

sonia delsin